sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Por que parei de tocar?


A resposta é simples e complexa: contexto!
Ninguém toma uma decisão dessas assim, do dia para a noite. E também não é um motivo que faz a gente decidir mudar o rumo da vida. Sim, mudar o rumo da vida. Trocar de profissão, voltar a conviver com a família, curtir os finais de semana de folga com todo mundo, etc.
Bom, os motivos são tantos que nem sei por onde começar. Acho que vou começar pedindo a compreensão de todos, principalmente de quem é músico. O que vou dizer aqui são os MEUS motivos. Coisas que EU não gosto e que me fizeram parar de tocar.
Expliquei em um post anterior que a gente toca em cada lugarzinho que dá dor. Pensava em PAGAR pra não tocar lá. (Clique AQUI para ler o post sobre esses lugares). Então aí está o primeiro motivo: os lugares onde a gente toca.
Outro motivo que contribuiu foi o repertório. Acho que a música, atualmente, contribui para o empobrecimento cultural das pessoas, mas isso é outro papo. Sei que eu não tinha mais paciência pra ficar tirando música. Imagina? Eu escolho a dedo o que vou ouvir. Daí eu tinha que ficar ouvindo sertanOjo, pra aprender a tocar, pra tocar o findi inteiro! Não, isso não estava nos meus planos quando eu comecei a estudar música. Prefiro deixar minha bateria apodrecendo lá no porão.
Uma outra coisa que acabou pesando para minha decisão foi a mentalidade de quem tomava as decisões na banda. Enquanto a gente era um GRUPO, fazia reuniões, decidia as coisas juntos, planejava e agia juntos, as coisas rolaram legal! Mas quando a gente começou a ficar sabendo das coisas pelos outros, quando a banda começou a perder o poder de participar das decisões, eu comecei a perder a motivação. Principalmente porque as decisões que vinham eram muito amadoras. Partiam de alguém com uma mentalidade muito pequena. E eu não queria ficar numa banda que pensasse pequeno. Fui criticado por dizer isso. Nunca respondi a essas críticas. E foi bom eu ter ficado quieto. O tempo responde tudo. É só olhar os ugares que a banda tocava quando O GRUPO decidia as coisas e olhar onde a banda toca atualmente. PRONTO, FALEI!!!
Tenho que cuidar pra que esse post não se transforme em um desabafo. Vai ser difícil, mas vou tentar!
Agora chegou um ponto delicado. Um fator que, acho, foi o mais decisivo: fofoca! Até hoje eu sou meio chato quanto a isso. Me afsto das pessoas, corto o papo e até saio de uma banda se achar que a fofoca tá demais. Repito, não foi só isso, mas foi o principal motivo que me fez sair da banda. Sabe o que eu penso? Se uma pessoa chega pra mim e fala mal de TODOS os outros, é 100% certo que ela chega nos outros e fala mal de mim. Só que o fofoqueiro não tem esse “simancol”. Ele não se dá conta de que todo mundo sabe que ele é fofoqueiro. Nas bandas existe muita vaidade. E essa vaidade, essa vontade de querer ser melhor que todo mundo, acaba levando algumas pessoas a falarem mal das outras. Acham que diminuindo os outros elas vão crescer. Isso é atitude típica de pessoa infantil, despreparada, ignorante e palhaça!
No tempo em que toquei, acabei não aproveitando outras coisas da vida. Casamentos, batizados, aniversários, encontros de família, Natal, etc... toda a família comemorando e eu tocando. Óbvio que eu sabia que estava perdendo isso, mas eu não sabia o quanto isso era maravilhoso. Fiquei sabendo quando deixei de tocar. Um exemplo claro foi a formatura da minha namorada. Se eu estivesse tocando, provavelmente não poderia aporoveitar. Então esse é mais um motivo, família, namorada, amigos, enfim, VIDA!
Gente, esse ERA o meu trabalho. Eu ERA músico. Vivia disso. Era dali que eu tirava minha grana. Tudo isso que escrevi até aqui foi muito bem pensado por mim antes de tomar a decisão. Na época, com certeza, devo ter pensado em mais coisas. Mas se não escrevi é porque não lembro. E se eu não lembro é porque era irrelevantes. O certo é que eu só pude fazer isso (pensar, decidir e sair da banda) porque eu tinha arrumado outro emprego. Assumi como professor de Matemática no Colégio Auxiliadora e, depois, no Colégio São Luís. Dizer que eu parei porque comecei a dar aula é mais cômodo, parece mais fácil pra que todos entendam. E não é mentira. Se eu não tivesse entrado nos colégios, provavelmente eu ainda estaria nos palcos. Possivelmente um frustrado, irritado e desleixado músico. E fofoqueiro! AuhUHA...
E para o pessoal que está nos palcos, vamo que vamo, gente. Sei que é uma coisa apaixonante. Tem bastante coisa boa. É uma simples questão de pção. Por ter feito isso por bastante tempo, achei que seria legal me dar a oportunidade de viver outras coisas. E não me arrependi.

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